RIO - SANTOS, UMA ESTRADA DE HISTÓRIAS!!!

A História da Rio-Santos

A costa brasileira, no século XVI, era ocupada por várias tribos indígenas de diferentes troncos de origem. Na região de Santos, Guarujá, Bertioga e parte de São Sebastião, habitavam os índios tupiniquins com o cacique Tibiriçá e, exatamente na serra de Boiçucanga (São Sebastião), habitavam seus arqui-inimigos, os tupinambás com o cacique Cunhambebe, que dominava as cidades de Caraguatatuba, Ubatuba, Paraty, Angra dos Reis e Mangaratiba. Após o descobrimento do Brasil, Portugal não se interessou em colonizar de imediato as novas terras descobertas, pois seu objetivo maior era encontrar um caminho para as Índias que não necessitasse passar pelo congestionado Mediterrâneo.

Porém, os franceses sob o comando de Nicolas Durand de Villegagnon, que aqui pretendiam instalar a “França Antártica”, viram na costa brasileira dois produtos interessantes: o índio e o pau-brasil. E conseguiram, a muito custo, fazer uma aliança com os tupinambás.  Estes os ajudavam a capturar índios de outras nações indígenas e também a extrair o pau-brasil.

Quando da descoberta da prata via Rio da Prata em Potosí, no Peru, Portugal enviou Martim Afonso de Souza com o objetivo de encontrar um caminho pelo interior para achar o tal tesouro e também defender suas terras da abusiva extração da árvore da tinta vermelha, feita pelos franceses. Martim Afonso, chegando à ilha de São Vicente, conseguiu por intermédio de João Ramalho, um degredado que já há muito vivia no litoral vicentino, aliar-se aos tupiniquins.

Tupinambás

Habitantes de parte do litoral brasileiro, povo guerreiro e considerado por muitos estudiosos extremamente selvagens, por sua prática de antropofagia, os tupinambás resistiram fortemente à submissão aos colonizadores. A antropofagia era um ritual religioso, diferente do canibalismo; nele, sacrificavam um adversário corajoso para celebrar o aniversário do cacique ou do pajé. As mulheres comiam as vísceras, as crianças tomavam o sangue e os homens comiam o cérebro para assimilarem a coragem e o espírito do guerreiro abatido. Amantes de ritos espirituais, construíam seus próprios instrumentos, como tambores e flautas.

 

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Parque dos Tupiniquins

 

Ao lado do Forte São João: esse foi o lugar onde os primeiros colonizadores se instalaram. A mando de Martim Afonso de Souza, construíram uma paliçada para se proteger dos índios tupinambás. Contem estátuas, como a do cacique Cunhambebe.

Onde: Avenida Vicente de Carvalho – Bertioga.

Significado em tupi do nome das cidades

  • Guarujá: viveiro dos guarus
  • Bertioga: paradeiro das tainhas
  • Caraguatatuba: lugar de muitos caraguatás
  • Ubatuba: lugar de muitas frutas
  • Paraty: rio das tainhas
  • Mangaratiba: lugar de muita banana
  • Itaguaí: enseada das pedras

Jesuítas

Foram muitos anos de guerras entre tupiniquins e tupinambás ou entre portugueses e franceses. Com a chegada dos jesuítas ao Brasil, o Padre José de Anchieta, assim como os outros, tinha a função da catequizar os índios, pois, na visão católica, eram selvagens e totalmente imorais. Seus feitos foram tantos que Anchieta chegou a ensinar latim para os nativos. Ganhou a amizade e o respeito dos índios e até protagonizou o primeiro tratado de paz das Américas, intitulado “Paz de Yperoig”, lavrado na cidade de Ubatuba em 1563, entre portugueses e tupinambás.

O acordo de paz entre portugueses e tupinambás proporcionou um caminho livre de Bertioga até a atual cidade do Rio de Janeiro, local na época tomado pelos franceses. O padre Anchieta e Mem de Sá saíram com reforços e, em 1567, ajudaram Estácio de Sá a expulsar os intrusos.

Companhia de Jesus

Em 1540, o basco Inácio de Loyola fundou a Companhia de Jesus com o objetivo de difundir a fé católica pelos mais longínquos recantos do mundo. Os jesuítas, assim chamados, eram privados de todo conforto e ensinados a sobreviver em lugares hostis. Em 1549, desembarcaram no Brasil para catequizar e moralizar os “gentios”, por meio da fé e do trabalho.

Foram responsáveis por inúmeros avanços na sociedade brasileira, principalmente ao fundarem as primeiras instituições educacionais do país, além de instalarem culturas alimentares que deram suporte e condições de sobrevivência aos colonos.

Também construíram olarias e engenhos que rendiam invejáveis frutos econômicos na época. Com essas iniciativas, tinham conhecimentos e poder sobre os índios, além de produzirem valiosos bens de consumo.

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Ermida de Santo Antônio do Guaibê

Construída em 1544, em pedra e cal, é um símbolo dos primórdios da colonização brasileira e da dedicação dos jesuítas em catequizar os índios. Aqui, Anchieta escreveu o poema Milagre dos anjos.

Onde: ao lado da balsa Guarujá-Bertioga – Guarujá.

 

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Estátua do Padre Anchieta

No quarto centenário de Ubatuba, foi erigida uma estátua do Padre José de Anchieta no local onde escreveu o famoso poema A virgem, quando era refém dos tupinambás.

Entender os ciclos é entender a História da Rio-Santos!

Entender os ciclos é entender a História da Rio-Santos!

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Ciclo do Ouro

A colonização brasileira, nos estados do Rio de Janeiro e de São Paulo, não foi nada fácil, pois, além do clima tropical, suas doenças típicas e os índios, os recursos econômicos eram quase inexistentes. Retirar da terra itens para subsistência também era complicado, porém paulatinamente os esforços dos colonizadores deram resultados. Mas precisavam de mais: queriam a todo custo achar bens preciosos para enriquecer, como ouro e pedras preciosas.

Foi então que os chamados bandeirantes, vindos das terras de São Paulo de Piratininga, conseguiram finalmente achar, no final do século XVII, veios de ouro e minérios preciosos, em Minas Gerais. Esses audaciosos exploradores transpuseram a Serra da Mantiqueira.  E acharam o que definitivamente transformaria o Brasil em um local cobiçado por muitos!  Tanto é que, nas últimas décadas do século XVII, o Brasil possuía uma população de colonos de 300 mil habitantes que, no final do século XVIII, tinha aumentado para cerca de 3 milhões.

Estrada Real – Caminho Velho

Na era pré-cabralina os índios goiaminins que viviam no alto da Serra do Falcão usavam uma trilha que chegava até Paraty, onde pescavam e tomavam banho, importante ritual para eles, por acharem que a água do mar era curativa. Martin Correia de Sá, em 1596, seguiu por esta trilha para desbravar o interior. Em 1660, a mando de Salvador Correia de Sá, foi aberto  definitivamente este caminho que ligava o Rio de Janeiro a São Paulo de Piratininga, pois ir pelo mar até a Vila de São Vicente era muito perigoso pelas condições do tempo.

Quando da descoberta do ouro, a Coroa Portuguesa restringiu as vias até Paraty e este foi o único acesso autorizado pela Coroa Portuguesa para o transporte da carga preciosa – Caminho Velho. Garcia Rodrigues Paes de Betim conseguiu identificar um caminho mais curto que ligava Ouro Preto ao porto da cidade do Rio de Janeiro para o transporte de ouro – Caminho Novo. Sendo assim, Paraty ficou fora desta nova etapa de escoamento.  A Estrada Real cruza 162 cidades em Minas Gerais, 8 no Rio de Janeiro e 7 em São Paulo.

Conservação

Atualmente, a maior parte do calçamento em pedras do Caminho Velho está conservado. Iniciando a jornada no bairro dos Penha encontramos atrativos que registram os momentos de fausto da região.  E que compõe a Estrada Real: Igreja Nossa Senhora dos Penha, Poço do Tobogã, Bebedouro Pinga-Pinga, ruínas da Provedoria do Registro, Lagoa Seca, Rolador do Zé Migué (local de ataque feitos por bandidos às cargas de ouro), Largo do Governo (local de reorganização de tropas) e ruínas da Casa dos Quintos (local de pesagem e cobrança de 1/5 de impostos sobre o valor do ouro).

O termo “Quinto dos infernos” é uma referência a época.  Quando os portugueses que vinham ao Brasil na busca de ouro, voltavam para Portugal e contavam que aqui era um inferno devido ao calor e aos mosquitos. Então, quando chegavam os impostos de ouro, diziam: “lá vem o quinto dos infernos”.

Onde: Rodovia Paraty – Cunha – Paraty

 

cafe-IMG_4798-bxCiclo do Café

Com o declínio do ouro, as cidades que compõem a estrada Rio-Santos viram sua economia, voltada ao abastecimento dos tropeiros e à prestação de serviços, estagnar o que as fez retomar a produção de açúcar. Por volta de 1760, o café começou a ser introduzido no Vale do Paraíba.

Foi uma transformação enorme para as cidades que viam a pujança econômica de volta.  As estradas cheias de carregamentos e um intenso movimento de pessoas.  Essas pessoas estavam  ligadas diretamente ao cultivo do café e o dinheiro gerado por ele. Porém, com o uso do solo de forma imprópria e a transferência do cultivo do café para terras menos “cansadas”, no oeste paulista, esse virtuoso ciclo econômico no Vale do Paraíba encontrou seu término no final do século XIX.

Com isso, mais uma vez as cidades que compõem o cenário da Rio-Santos caíram no isolamento. A cultura caiçara se fortaleceu.  E os itens produzidos nessas cidades; farinha, banana e pescados; eram levados para as cidades de Santos e Rio de Janeiro e trocados por gêneros de primeira necessidade.

CONTINUA NA PROXIMA SEMANA !!!!!<3